Uma das evoluções que comprovam esta tendência são as faixas designadas para veículos que transportam duas ou mais pessoas, em inglês (HOV).
A evolução da inteligência artificial – máquinas capazes de realizar tarefas e aprender a usar os mesmos dados para medir, gerenciar e planejar – deverá trazer mudanças ilimitadas na área de sustentabilidade no trânsito, com o cruzamento de informações para o planejamento de mobilidade no Brasil.
Registros fornecidos por inteligência artificial relacionados ao clima, aos fluxos de tráfego e à aglomeração já são uma realidade. No entanto, criar insights e prevenir condições futuras de congestionamentos, por exemplo, se fazem necessárias na medida em que a pressão aumenta sobre o planeta e sobre as cidades.
Para que se tenha ideia, nos últimos dez anos, a frota de veículos no país cresceu 77%, de acordo com o Mapa da Motorização Individual no Brasil, elaborado pelo Observatório das Metrópoles. O documento mostra que entre 2008 e 2018, o total de automóveis passou de 37,1 milhões para 65,7 milhões, sendo que as 17 principais regiões metropolitanas são responsáveis por 40% desse crescimento. No mesmo caminho está o crescimento de motocicletas e caminhões. “Os veículos individuais e coletivos têm papel fundamental neste processo. Importante pensar que, nos últimos 20 anos, tudo o que evoluiu para melhor, foram ações que podem ser medidas e gerenciadas”, afirma Guilherme Araújo que é especialista em mobilidade urbana.
Novas tecnologias e conceitos em mobilidade
Paralelamente a isso, os equipamentos de mobilidade também estão sendo desenvolvidos com inteligência artificial para o planejamento de uma gestão urbana mais sustentável. “Sistemas com tecnologia 100% nacional possibilitam a implantação de uma maior quantidade de sensores, que coletam dados em tempo real. Isso resulta em uma maior integração de dados das vias, dos motoristas e dos veículos”, reforça Guilherme.
Na Dinamarca, uma das referências em mobilidade no mundo, sistemas de sinais de tráfego inteligentes, possibilitam identificar veículos que se aproximam e enviam alertas quando ciclistas estão perto de cruzamentos, ampliam a segurança de quem transita e permite melhor organização para que todos em seus veículos ou a pé se movimente, sem atritos e evitando possíveis acidentes.
Transporte compartilhado e menos veículos nas ruas
Na visão de especialistas, nos próximos 50 anos a mobilidade será 100% partilhada, alimentada por fontes de energia menos poluente e o conceito de propriedade de automóveis deverá desaparecer gradualmente.
Uma das evoluções que comprovam esta tendência são as faixas designadas para veículos que transportam duas ou mais pessoas, em inglês (HOV High-Occupancy Vehicle Lane).
A HOV, além de incentivar a carona solidária e o transporte público, contribuem para gerenciar o congestionamento, reduzir as emissões de carbono e otimizar os investimentos em infraestrutura. As faixas HOV também são destinadas, em muitos países, para veículos elétricos e híbridos.
Em Ontário, no Canadá, as faixas HOV estão no lado esquerdo da rodovia e são claramente marcadas por sinais e marcações no pavimento.
De acordo com o supervisor de tecnologia aplicada da Velsis, fabricante de tecnologia em mobilidade, Jeferson Manuel Barreira Cáceres, a empresa já dispõe de sistemas que podem ser instalados em módulos ou pontos de fiscalização e podem detectar o número de ocupantes dentro dos veículos.
“Os módulos além de um processamento, usam câmeras com inteligência computacional que detectam o número de pessoas em qualquer tipo de veículo”, conta Jeferson.
Para ele, estas tecnologias que estão por vir contribuirão para uma mudança de comportamento. “Com o aumento da economia e da produção veicular no país, o número de veículos por família aumentou, muitas vezes, sem necessidade. Tendo cada vez mais ferramentas de controle de mobilidade integradas, aliada ao cruzamento de dados, porém, será possível entender a mobilidade de cada cidade ou estado, para planejamento no mesmo nível de crescimento dos centros urbanos”, prevê.
Cerco Inteligente
No Espírito Santo, o programa Cerco Inteligente já utiliza tecnologia em monitoramento para evitar crimes de trânsito, crimes ambientais, fiscais e de segurança pública. No estado foram instalados equipamentos que trabalham de maneira integrada, entregando análise de dados, utilizando inteligência artificial com base em imagens, vídeos e ferramentas de investigação.
“Estes sistemas são fundamentais para a integração e o planejamento. Conseguimos verificar o histórico do motorista, do veículo, do deslocamento, consulta em bases de dados, consulta dos proprietários (atuais e antigos) e disparo automatizado de efetivo em caso de problemas com o referido veículo, afirma um dos envolvidos no programa, o tecnólogo em automação industrial, Lucas Kubaski, que é diretor de produtos e soluções da Dahua.